Obra do Padre Mendes compartilhada por toda uma geração
O que falar do Colégio Raul de Leoni? Nada, absolutamente, nada, sem, antes, falar de seu criador, o Cônego Antônio Mendes ou, simplesmente, o Padre Mendes, o “Disseminador de Escolas”. Indissociáveis – Criador/Criatura.
O Padre (Cônego) Antônio Mendes… 87 anos de vida exemplar emolduraram um sacerdócio não apenas religioso e espiritual, mas, sobretudo, moral, ético e, por isso, social.

O Padre (Cônego) Mendes ensinou a todos nós, com sua competência, o significado da responsabilidade social, do investimento no caráter do homem e da fé na verdade de cada um de nós.
Foi um semeador de escolas. Escolas marcadas pela gratuidade e, evidente, voltadas para as classes sociais menos privilegiadas. De seu currículo consta o “plantio” de 28 estabelecimentos de ensino nestas Minas Gerais e, entre eles, o inesquecível Colégio Raul de Leoni. Conta-se, jocosamente, que, dos 1.000 alunos do Raul de Leoni, 500 eram bolsistas do Padre Mendes e 500 não pagavam as mensalidades.
O Padre Mendes percorreu, também, a delicada estrada da política partidária. Identificado com os problemas sociais, o Cônego Mendes político acreditava no homem como ser transformador da sociedade.
Deixou sua marca indelével também na Universidade Federal de Viçosa. Sempre professor, e mais do que isto, educador. Participou intensamente da vida universitária, em todas as suas instâncias.
O Padre (Cônego) Antônio Mendes escreveu sua História e colaborou intensamente para o avanço do processo histórico da sociedade em que viveu. Sociedade esta que guarda o mais profundo respeito e o sincero reconhecimento por uma das personalidades centrais da sua História recente. Antes do padre, existia o homem e, nele, a certeza da construção de sólidas estruturas morais, éticas e sociais, aperfeiçoado, com certeza, em seu ministério sacerdotal.
Colégio Raul de Leoni… Muitos e muitos anos oferecendo Educação para todos indistintamente. Colégio Raul de Leoni – “O Colégio Total” ou “Colégio Raul de Leoni – Do Maternal à Universidade”. Funcionava, em sede própria, na rua Dona Gertrudes, 234 e, na codificação da época, fone 1597, CEP 36.570: Viçosa – MG.

Colégio Raul de Leoni – Instalações em 1972
Em 1975, mil, cento e sessenta e quatro (1.164) estudantes frequentavam os cursos do Colégio Raul de Leoni, valendo-se da qualidade do ensino oferecido – um Estabelecimento de ensino que polarizou a juventude viçosense e de cidades vizinhas com seu sistema escolar avançado; com sua filosofia administrativa, atualizada, que lhe dava agilidade funcional; e, com vigorosa e inteligente juventude do corpo docente.
Fundado em 1963, pelo Advogado e Padre Antônio Mendes, teve seu nome inspirado em Raul de Leoni Ramos, poeta parnasiano, nascido em Petrópolis, a 30 de outubro de 1895 e falecido na cidade de Itaipava, Rio de Janeiro, a 21 de novembro de 1926.
O Colégio mantinha os seguintes cursos (nomenclatura da época): Maternal, Pré-Escolar e 1º Grau (primário) – a Escolinha do Garibaldo -; Primeiro Grau (Ginasial) e 2º Grau (Auxiliar de Laboratório de Análises Químicas), preparando, neste curso, solidamente, o aluno para a universidade e/ou para exercer uma profissão técnica exigida pelo crescente mercado de trabalho da Região.

Integração Total no Colégio Total – Confraternização entre alunos de todos os cursos em 1975
Eram seus diretores: Diretor-Geral – Felício Brandi; Diretor-Administrativo: Hildécio Lopes dos Santos; Diretor Financeiro: Francisco Simonini da Silva. Este, o fundador e diretor da Escola Infantil, a Escolinha do Garibaldo. O audiovisual da Escolinha do Garibaldo encontra-se disponível no Youtube, através do link: https://youtu.be/69jvHLpbzQk
O Colégio contava com funcional Laboratório de Química e um de Biologia; atualizada biblioteca; moderna quadra poliesportiva; recursos audiovisuais avançados; cantina; coordenação pedagógica por área; clubes desportivos de handebol, basquete, vôlei, futebol, futsal; atletismo, judô, capoeira e ginástica olímpica.
Em apenas quatro anos de práticas esportivas o Colégio Raul de Leoni conquistou 40 troféus e seis títulos, considerados os mais importantes da região: Campeão Invicto de Futsal (73/75); Campeão Invicto de Futebol da Cidade de Viçosa (72); Campeão dos Jogos Estudantis de Viçosa – JEVs (73); Campeão de Atletismo de Viçosa (73); Campeão da Cidade de Esportes de Quadra (72).

Colégio Raul de Leoni – Campeão invicto de Futsal -1973
Todo aluno/atleta que conseguisse o primeiro lugar, em quaisquer modalidades esportivas e competições, garantia, para o ano letivo seguinte, bolsa-de-estudo integral. Em 1975, o Colégio concedeu, dentro deste programa, 65 bolsas “esportivas”.
O curso de 2º Grau, ministrado no Estabelecimento, seguia a orientação da “Reforma do Ensino de 1971” (Lei 5.692, de 11/08/71) e, claro, atendendo às particularidades locais, regionais e conforme as peculiaridades dos alunos e possibilidades do Colégio. Era o curso de “Auxiliar de Laboratório de Análises Químicas”. O Colégio Raul de Leoni procurava juntar o útil ao necessário e ao agradável – oferecer ao aluno os conhecimentos exigidos pelo ensino médio, sem se esquecer dos conhecimentos exigidos para o ingresso nas universidades.
A vida escolar dos seus alunos sempre foi intensamente vivenciada. Além das atividades normais, a direção incentivava, não só o esporte mas, também, animado grêmio artístico e literário, ciclos de palestras, gincanas inter classes, excursões culturais, mural-escolar, coral e a manutenção de uma fanfarra. Buscava-se, assim, uma “Educação Total” ministrada por um “Colégio Total”.
Ex-alunos do Raul de Leoni, da década de 1970, costumam se reunir uma vez por ano para festejar a amizade e lembrar boas histórias. Neste encontro da foto de 2017, a anfitriã foi Maria José (Zezé do Silvestre – “Cubu”), que brindou os colegas com um delicioso churrasco e cerveja gelada. Entre os participantes estava a professora de francês Maria do Carmo Leão. Ela fez seus quase 30 ex-alunos cantarem e recitarem poesias que aprenderam em suas aulas.

Confraternização do ontem, do hoje, do amanhã… sempre
* Texto redigido em 1975, com algumas adaptações aos dias de hoje.