Entrevista Gazeta Regional – 02/10/1988
Entrevista / Francisco Simonini da Silva

Francisco Simonini – 1988
A pesquisa publicada por este jornal semana passada revelou que entre todos os candidatos a prefeito, Francisco Simonini é o que tem o menor índice de rejeição por parte do eleitorado. Tal fato pode ser atribuído à legenda a que Xico, como é conhecido, está ligado. No dia 15 de novembro, ele representando nas urnas o nome de Leonel Brizola, hoje um dos poucos políticos brasileiros que mantém mais força junto a população e também um candidato em potencial a presidente da república. Mas, inegavelmente, também se soma a isto seu jeito extrovertido sempre pronto a uma troca de ideias, mesmo que ao final da discussão prevaleça mais a emoção do que a análise racional. Francisco Simonini é sobretudo uma pessoa capaz de ir até o fim por uma causa se realmente acreditar nela. Um homem de partido, que tem convicção no amadurecimento democrático partir do fortalecimento das representações partidárias alicerçadas em propostas ideológicas definidas.
GR – Qual a estratégia de sua campanha?
FS – Nós pretendemos cobrir toda a cidade com minicomícios e para isso nós já fizemos um calendário para todo este mês. À cada semana é feita uma reunião de avaliação e nós temos sentido uma boa aceitação dentro daquilo que agente propôs.
GR – O comício do PT realizado há poucas semanas contou com um número pequeno de pessoas exatamente por não ter contado com uma infraestrutura semelhante aos grandes partidos. Você não teme que seus comícios possam cair num esvaziamento pelos mesmos motivos?
FS – Por isso mesmo nós optamos por comícios menores e em maior quantidade. Nossa preocupação é atingir com um maior número de comícios, um maior número de pessoas. Seria uma pretensão muito grande usar o centro da cidade para um grande comício. Nós faremos isto quando as grandes lideranças do PDT vierem à Viçosa.
GR – Quais seriam estas lideranças? Vivaldo Barbosa, Darcy Ribeiro, José Maria Rabelo?
FS – Sim e podemos acrescentar Fernando Lira e o Brizola, assim como os coordenadores nacionais de sua campanha. Eu posso afirmar que é certa a vinda do nosso líder máximo até 15 de novembro de 1989.
GR – No seu contato junto à população e nos seus comícios, como você tem sentido a população em relação às eleições de novembro de que maneira?
FS – A população ainda está um pouco fria, mas nossa campanha está bastante quente. A receptividade ao nosso nome e a nossa proposta é bem maior do que a gente esperava.
GR – Mas em relação à eleição em si a população está fria?
FS – Está, mas é porque ainda não chegou o grande momento da eleição, pois a maioria dos partidos ainda não saíram em campanha.
GR – E o povo tem se mostrado descrente nos políticos?
FS – Claro que sim. O povo está cansado de ser enganado pelas mesmas pessoas que estarão de volta no dia 15 de novembro. Ao lado disso há aquela campanha sistemática da grande imprensa contra a classe política. Evidentemente existem políticos que mentem, que estão defendendo interesses de grupos, mas há políticos honrados e que estão lutando a favor de todos.
GR – Qual é a posição do PDT em relação ao resultado final da Constituinte?
FS – Nossos deputados fizeram um trabalho maravilhoso votando sistematicamente a favor das causas progressistas em bloco com os outros partidos progressistas.
GR – Voltando à Viçosa, a política aqui é feita em moldes peculiares. Existe uma longa tradição de perrismo e antiperrismo e que foi transferida para os grandes partidos de hoje. Como o PDT pretende se inserir neste espaço?
FS – As origens do PDT são antiperristas. Mas eu tenho a impressão que esta é uma questão menor. Nós temos que deixar estas rixas de lado e tentar equacionar os problemas graves que afetam Viçosa. As oligarquias que sempre dominaram Viçosa hoje vestem outra roupa. Pessoas que sempre se disseram antiperristas são, na verdade um instrumento de opressão do povo. Bernardes é uma figura histórica que, com todas as suas contradições, precisa ser respeitada.
GR – Porque não é possível uma coligação com outros partidos que, como o PDT, tem esta visão sobre a política em Viçosa?
FS – O PDT esteve sempre ligado ao diálogo e à conversação. Mas não é possível conversar com quem não quer.
GR – Inclusive ventilou-se a possibilidade de uma aliança com o PL. Isso não iria contra as diretrizes do PDT?
FS – Política é uma forma de se conciliar interesses. As origens do PDT e do PL são diferentes, mas a arte da conciliação fez com que nós adiantássemos muito as discussões entre os dois partidos.
GR – Então o que impediu a coligação entre os dois partidos?
FS – Simplesmente porque o PL, realmente, não queria uma coligação com o PDT.
GR – Quais são os problemas mais sérios que você sentiu nestes contatos com a população?
FS – Os problemas mais sérios que sentimos em nossas andanças pela cidade são de fácil solução. Dependem apenas de vontade política. São as questões de limpeza pública, falta de calçamento, falta d’água nas partes mais altas. Porém, o problema fundamental encontra-se na falta de emprego. Trabalhadores sem a sua atividade básica que é o trabalho.
GR – Como isso poderia ser resolvido a nível local? O desemprego está intimamente ligado a uma crise que nacional?
FS – O slogan da nossa campanha é “Administração com o trabalho incentivando a criação de empregos”. Este será o nosso maior compromisso ao assumirmos a prefeitura.
Assim, a nossa administração elaborará um programa para a criação de pequenas industrias, criando facilidades para aqueles que desejarem investir. Temos um elemento ímpar no município e que poderá ser muito útil no desenvolvimento daquele programa através de convênios – a nossa universidade.
GR – Você é favorável à distribuição de cestas básicas para a população?
FS – Num primeiro momento, sim! Através de um programa elaborado conscientemente onde, paralelo à doação das cestas, seja desenvolvido um trabalho de valorização das pessoas através da educação. Aquela velha máxima do “dar o peixe, mas ensinar a pescar”.
Entrevista Revista Ta na Cara – setembro de 2007
Entrevista / Professor Francisco Simonini da Silva

Barbatimão.Nome científico: Stryphnodendron
Tá na Cara – O que é ser Francisco Simonini da Silva?
Xico Simonini – É, antes de tudo, viver sob o manto da ética e não contemporizar e dar um jeitinho, ou seja, nasci Francisco e sou, agora, Xico. Como todos sabem, pau que dá em Xico, dá em Francisco.
“Viver sob o manto da ética e não contemporizar”
Tá na Cara – Quem é Francisco Simonini da Silva?
Xico Simonini – Dizem de Bernardes que ele é o Jequitibá. Nasci em Viçosa, na Mata Atlântica, e diferentemente do estadista, me vejo mais como um Barbatimão, aquela árvore de casca grossa e corrugada, mas com as folhas sempre verdes em qualquer tempo. E, o que é melhor, produzindo um “suco” que é bom para tudo: serve para estancar hemorragia, é antisséptico e muito adstringente, prendendo a língua de qualquer um. É tão especial que serve até na curtição dos couros mais empedernidos. Sem falar na flor, que pode matar alguma abelha mais gulosa… Como falei em ocasiões anteriores, nasci Francisco e fui “ser gauche na vida”, como disse Drummond, buscando sentido para a existência numa caminhada que sempre tentei realizar com dignidade e coerência. Evidentemente, buscando sempre o TER sem perder de vista o SER; perseguindo o individual sem perder de vista o coletivo – a dialética explica!
Tá na Cara – Como foi esta caminhada?
Xico Simonini – Como algumas coisas acontecem apenas comigo (risos), posso garantir que foi uma caminhada cheia de dificuldades, muita vontade de superar, muita veia inchada no pescoço e grandes alegrias, a despeito de tudo. Comecei minha vida profissional trabalhando com meu pai em uma pequena fábrica familiar de sabão. Depois de muitas andanças, iniciei minha carreira na Universidade Federal de Viçosa na área de Contabilidade. Passei por várias etapas na instituição, até me aposentar como professor adjunto. Gostaria de registrar, ainda, minha atuação nas iniciativas privada e pública. Sem falsa modéstia, como fundador (foram 15, até agora) de estabelecimentos e cursos, do infantil à pós-graduação. Tenho a formação de Técnico em Contabilidade e sou graduado em Pedagogia (Administração Escolar e Magistério). Cursei mestrado em Educação, na área de Administração Escolar, e fiz pós-graduação no sentido lato nas áreas de Gestão Global de Empresas, Tecnologia Educacional, Princípios Básicos de Gerencia, Filosofia da Ciência, Prática em Pesquisa Educacional e Unidade de Apoio Educacional.
“Como algumas coisas acontecem apenas comigo…”
Tá na Cara – Como professor qual foi sua principal área de atuação?
Xico Simonini – Atuei no Departamento de Educação, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Minhas atividades nos sistemas público e privado estiveram sempre vinculadas ao ensino, à pesquisa, à extensão e à administração, compreendendo todos os níveis, da educação infantil à pós-graduação. Na linguagem dos “boleiros”, posso dizer que joguei em todas. Fui técnico, dirigente, gandula, massagista e roupeiro (risos). Em minhas avaliações, já ministrei mais de 12 mil aulas.
Tá na Cara – Sem ofensas, está me lembrando os mil gols na contagem do Romário… (risos)
Xico Simonini – Não, no meu caso é coisa séria. Coisa de quem acredita na palavra empenhada e na honestidade dos registros. Faz parte do meu modo de ver a vida, dialeticamente.
Tá na Cara – Consta que nessa trajetória houve também a manifestação do lado político…
Xico Simonini – De fato, a política é uma de minhas paixões. Estaria incompleta a minha atuação como educador e como pessoa ligada à cultura e às artes se não houvesse o componente da militância política. Não apenas a política partidária, mas uma vigorosa luta sindical, sem misturar uma e outra. Não adianta oferecer apenas o ensinamento: é preciso viver a política, participar do embate eleitoral como forma de discutir e propor ideias. Sempre procurei estar al lado de grandes políticos brasileiros, comprometidos com o povo e com a dignidade das pessoas. Além dessa atuação político-partidária e sindical, gostaria, sem falsa modéstia, de fazer uma referência a minha estreita ligação com a música, a literatura e o esporte.
Tá na Cara – Foi um esportista, então…
Xico Simonini – Todo brasileiro orgulha-se de ter defendido um time de futebol na infância e na juventude. Não sou diferente. E defendi no sentido mais literal: fui goleiro durante anos. Naturalmente meus adversários devem estar lembrados de um ou outro frango antológico (risos). Jamais deixei de gostar do esporte e, tempos depois, atuei como comentarista esportivo tendo trabalhado em alguns jogos memoráveis na região de Viçosa e em outras cidades brasileiras.
Tá na Cara – Como foi sua trajetória musical?
Xico Simonini – A música é muito importante para mim. Hoje, mais como ouvinte, mas, em tempos anteriores, cheguei a ter meu grupo musical. Fui instrumentista e o líder do que hoje chamam de banda, o Simonini Silva e seu Conjunto.
“A música é muito importante para mim”
Tá na Cara – E a literatura?
Xico Simonini – Acho que a literatura foi o estuário natural para que tudo o que fiz. Uma das formas de fazer valer as ideias e dar prosseguimento a uma atuação engajada é buscar uma forma de ter um registro permanente para essas ideias e posições. Participei de jornais na juventude, escrevendo, editando e distribuindo, de forma um tanto amadora. Posteriormente, mantive colunas em jornais de Viçosa. Mais recentemente, fui responsável pela publicação do semanário viçosense Muzungu. Eu já fizera algumas incursões pela poesia e ilustrava meus escritos com charges. Com esse material, consegui produzir um livro de poemas, intitulado “Enigmas”, meu primeiro trabalho de fôlego publicado. Em seguida, reuni textos escritos para o Muzungu e outros periódicos e procurei dar-lhes um fio condutor, com uma leitura sobre a conjuntura atual, tentando oferecer ao público reflexões calcadas em minha vivência e na experiência, sempre explorando o lado dialético dessa análise. Esse livro é intitulado “No Reino de Fundanga”. Essas duas obras, que pensei fossem as únicas, tiveram seguimento, estendendo-se naturalmente para uma terceira, que está no prelo, como diziam antigamente. É o novo livro “Bar Tolomeu”, com a borduna correndo solta, colocando o dedo em muita ferida. É denúncia e paulada pura nas pústulas, nestas Viçosas paragens, na Capital das Gerais e na Brasília dos escândalos fantásticos, onde o golpe sujo de hoje é simples ensaio para a maracutaia de amanhã… Estará em breve nas prateleiras. Além dessas três obras, figuro como autor de vários trabalhos acadêmicos, na área de educação e administração escolar. Sou membro da Academia de Letras de Viçosa (ALV).
“(…) É o novo livro “Bar Tolomeu”, com a borduna correndo solta, colocando o dedo em muita ferida. É denúncia e paulada pura nas pústulas, nestas Viçosas paragens, na Capital das Gerais e na Brasília dos escândalos fantásticos (…)”
Tá na Cara – Como foi a opção para o ensino superior particular?
Xico Simonini – Foi um passo natural, esperado, pois a aposentadoria como professor da UFV, de maneira alguma, poderia representar uma parada, o fim de um trabalho cuja principal característica é a continuidade, a busca de novo. Juntei-me a um grupo de pessoas em Viçosa e instituímos a Escola de Estudos Superiores de Viçosa (ESUV), que está consolidada em Viçosa e oferece os cursos de Direito, Ciências Contábeis e Serviço Social.
Tá na Cara – Daí para Santo Antônio de Pádua, então, foi outro passo natural?
Xico Simonini – Foi uma combinação de fatores positivos. Tínhamos a experiência e a vontade de continuar nesse rumo, mas o fator decisivo foi a vontade política das autoridades de Santo Antônio de Pádua, que souberam atender um pleito da população do município, que, fazia tempos, sinalizava para uma iniciativa desse porte. Instituímos a Faculdade Santo Antônio de Pádua (FASAP), que oferece, no momento, os cursos de Direito, Administração e Educação Física.
Tá na Cara – Há também a experiência de Ponte Nova…
Xico Simonini – Embora vivenciando uma realidade um pouco diferente, posso dizer que nossa faculdade em Ponte Nova experimentou uma trajetória semelhante. Ou seja, chegamos à comunidade com uma proposta decente, com os objetivos bem definidos e encontramos ótima acolhida, oferecendo resposta para uma demanda importante da população. Hoje, Ponte Nova conta com a Faculdade Dinâmica de Ponte Nova (FADIP), atualmente, com o curso de Direito.
Tá na Cara – Quais são as perspectivas para o futuro?
Xico Simonini – Experimentamos alguns problemas que nos mostraram a importância de uma família unida: um casamento de 42 e uns quebrados com a Paulina, companheira “na tristeza e na alegria”. São três filhos por consanguinidade – o médico Francisco Filho, a cirurgiã-dentista Marcela e o engenheiro civil e bacharel em Administração Frederico; e dois por afinidade: a bacharelanda em Direito Uiara e a comerciante Flaviana. Durante toda a nossa vida, aqueles problemas, não exclusivos, claro, representaram e representam excepcional oportunidade para o amadurecimento e para que vejamos a vida com horizontes diferenciados. Isso é salutar. Por isso, entendo que as perspectivas são boas. As melhores que a vida me reservou, sem qualquer traço de fatalismo. Entendi melhor as minhas limitações; compreendi, de forma mais crua, que a vida tem limitações…
“Compreendi, de forma mais crua, que a vida tem limitações…”
Aprendi, também que, nessas limitações podem estar – e estão – as sementes de algo que, em certos momentos, pensei não ser tão importante: a esperança. As perspectivas para meu futuro estão marcadas pela esperança, ainda que tanta coisa ao meu redor faça força em contrário. Vivo o momento e curto a esperança que há nele, para caminhar para a próxima madrugada, na certeza de que, amanhã, será possível ver o sol emergir entre os picos do Araponga.

– Ouça a entrevista:
ENTREVISTA:
Francisco Simonini da Silva
A verdadeira educação é capaz de transformar a realidade
Nosso entrevistado desta edição do Conhecendo é uma pessoa que é sinônimo de educação. Ainda não virou verbete de dicionário, mas está caminhando para isso. É o professor Francisco Simonini da Silva ou, simplesmente, Xico Simonini, como prefere ser chamado. Licenciado em Pedagogia e mestre em Educação, é professor adjunto (aposentado) do Departamento de Educação da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Há exatos 50 anos, atua na Educação, no sistema público e privado, do infantil à pós-graduação, no ensino, pesquisa, extensão e administração. Durante essas cinco décadas, teve o privilégio de participar da fundação de 15 estabelecimentos de ensino e de cursos, do infantil à pós-graduação. Sua trajetória é marcada por vigorosa atuação política, partidária e sindical e em campos diversos: músico, desportista, comentarista esportivo (incluído na Enciclopédia do Rádio Esportivo Mineiro), escritor, poeta, chargista e responsável pela publicação do extinto semanário viçosense Muzungu.
Atualmente, exerce as funções de diretor-geral da Faculdade Santo Antônio de Pádua (FASAP). É Cidadão Honorário desta cidade e membro da Academia de Letras de Viçosa (ALV).
– O que o atraiu na área da educação? Por que o interesse em ser professor e, principalmente, essa preocupação em criar instituições de ensino variadas, num país em que há tantos desestímulos nessa área?
Xico Simonini – A educação tem tudo a ver com a minha formação, formal e
“A educação tem
tudo a ver
com a minha
formação,
formal e informal,
e com o meu
modo
de enxergar a
realidade”
informal, e com o meu modo de enxergar a realidade – realidade essa constituída pela dualidade homem/mundo. Acredito ser a verdadeira Educação aquela capaz de transformar a dita realidade. Trata-se do caminho menos áspero para que o ser humano possa atingir sua meta suprema. Como dizia Drummond, a saga que o fará “ser gauche na vida”, o lado menos mal daqueles que o cercam. É exatamente esse lado: capaz de transformar a sociedade numa sociedade mais justa e humana, onde todos possam buscar sempre o ter, mas sem jamais perder de vista o ser; perseguindo o individual, mas sem jamais perder de vista o coletivo. A dialética explica! Já o professor, trata-se da mola mestra do processo educacional. É o agente fundamental de um processo extremamente complexo.
Quanto à preocupação em se criar instituições de ensino em, praticamente, todos os níveis, nada mais natural. As instituições de ensino são os templos da Educação, que devem primar pela seriedade, honradez, dignidade e honestidade. Concluindo, uma Educação que priorize o ser humano, uma Educação de qualidade, ministrada em uma instituição também de qualidade.
– Quantas instituições você criou ou ajudou a criar e em quantas cidades?
Xico Simonini – Vejamos se sou capaz de lembrar de todas elas: como membro do grupo fundador: 1965 – Ginásio de Florestal (CNEC), mais tarde anexado à Escola Estadual Coronel Cristiano Alves Ferreira e Mello, Florestal (MG). 1969 – Escola Infantil Pequeno Príncipe, Florestal (MG), extinta em 1973. 1998 – Escola de Estudos Superiores de Viçosa (Esuv), Viçosa (MG). 2002 – Faculdade Santo Antônio de Pádua (FASAP), Santo Antônio de Pádua (RJ). 2004 – Faculdade Dinâmica do Vale do Piranga (FADIP), Ponte Nova (MG). Como fundador e autor dos projetos de criação: 1972 – Curso Médio Auxiliar de Laboratório de Análises Clínicas do Colégio Raul de Leoni, Viçosa (MG), transformado no Curso Médio (Científico) em 1977, atual Curso Médio do Colégio Equipe. 1973 – Escola de Ensino Fundamental (1ª à 4ª série) do Colégio Raul de Leoni, Viçosa (MG), atual curso de 1ª à 4ª série do Colégio Equipe. 1974 – Escola de Educação Infantil do Colégio Raul de Leoni, Viçosa, (MG), atual curso infantil do Colégio Equipe. Como membro da comissão fundadora e autor do projeto de criação: 1993 – Colégio Ângulo com o Ensino Fundamental, da 5ª à 8ª série, e Curso Médio (Científico), franquia Anglo/SP, Viçosa (MG). 1993 – Colégio Cidade com o Curso Médio (Científico), franquia Anglo/SP, Cataguases (MG). 1993 – Anglo Vestibulares (Pré-vestibular), anexo ao Colégio Ângulo, franquia Anglo/SP, Viçosa (MG). 1993 – Anglo Vestibulares (Pré-vestibular), anexo ao Colégio Cidade, franquia Anglo/SP, Cataguases (MG). 1996 – Centro Educacional Gênesis, com os Cursos Infantil (Maternal e Pré-Escola) e o Curso Fundamental (1ª à 8ª série), Viçosa (MG). Como coordenador da implantação da franquia Anglo/SP: 1993 – Colégios de Cataguases, Leopoldina, Ponte Nova, Rio Casca, Ubá, Viçosa e Visconde do Rio Branco (MG). Criação, implantação e reestruturação: 1971 – Presidente da Comissão da Criação do Curso de Técnico em Agropecuária da Escola Média de Agricultura da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Florestal (MG). 1972 – Membro da Comissão da Criação e implantação da Licenciatura em Pedagogia, na UFV, Viçosa (MG). 1973 – Autor e coordenador da reforma administrativa, didática e pedagógica do Colégio Raul de Leoni (Viçosa, MG).
“É bom saber
que,
de todas as
escolas,
apenas uma
cerrou suas portas.
As demais aí
estão,
com os mesmos
nomes ou não”
– O senhor considera que todas ou a maioria das escolas e cursos criados compensou o esforço? Por quê?
Xico Simonini – Afirmo que todas as escolas e cursos, sem exceção, compensaram, sim. Todas tiveram um significado especial, pois marcaram um determinado momento histórico. Por outro lado, é bom saber que, de todas as escolas/cursos construídos, apenas uma cerrou suas portas – coisa das intempéries da vida, digamos assim. As demais aí estão, com os mesmos nomes ou não, incorporadas ou não a outras instituições. Porém, certamente, prestando um grande serviço para o avanço do processo político, econômico, social, ecológico e, claro, educacional.
– Qual delas o marcou mais? Por quê?
Xico Simonini – Seria muito difícil e, até mesmo, uma injustiça para com as outras, se eu ousasse nominar uma delas. Todas marcaram, marcam e marcarão a história da educação em suas respectivas cidades e regiões e aí estão, contribuindo para o crescimento da sociedade na qual atuam, em todos os aspectos. Portanto, todas elas, sem exceção, são filhas diletas deste eterno aprendiz de filósofo e de educador. Porém, gostaria de externar meus sentimentos, não com respeito à FASAP, especificamente, mas sobre a cidade de Pádua: aqui, encontrei todo o carinho que pode ser dispensado a um ser humano. Considero Santo Antônio de Pádua a minha segunda casa.
– De todas essas experiências em modalidades de ensino variadas, o que você trouxe para a FASAP?
Xico Simonini – A sinceridade, o doce e puro sorriso das crianças das escolas infantis; a genialidade, a curiosidade e a irreverência dos adolescentes da escola fundamental e média; a responsabilidade, o enigma do futuro e a esperança da vitória dos adultos da escola superior e da pós-graduação. Foi a síntese dialética do ensinamento que todos eles me ofereceram, proporcionando a construção do processo ensino/aprendizagem, calcado na busca permanente da valorização do ser humano, respeitando as diferenças e limitações individuais, sem jamais perder de vista o objetivo do ser mais, a fim de que, em última análise, possa emergir o ter mais. Sempre procurei seguir esta verdade e é o que procuramos fazer na FASAP.
– No caso, considera que a FASAP se distinga das outras experiências educacionais? Por quê?
Xico Simonini – Não diria que ela se distingue; faz parte de um todo. A FASAP é um dos capítulos de um livro repleto de derrotas e vitórias, de tropeços e caminhadas, de quedas e ascensões, de desilusões e expectativas. Porém, algo deve ser assinalado: o apoio inconteste de todas as forças vivas do noroeste fluminense e região limítrofe das Minas Gerais, abraçando, com todo o carinho, o feliz projeto do colega Sérgio, o idealizador de uma faculdade, da nossa FASAP, nas terras de Santo Antônio de Pádua.
– Para o senhor, a FASAP seria a sua experiência definitiva ou ainda pretende se aventurar em outras iniciativas?
Xico Simonini – Quem sabe? Muita coisa ainda carece de ser realizada. Muitos municípios ainda necessitam de instituições de ensino. Claro que existem ideias várias nas cabeças inquietas e até irresponsáveis (rsrsrs…) dos meus companheiros e na minha. Gostamos dos desafios para serem enfrentados e de problemas para serem solucionados. Durante toda a nossa vida, enfrentamos desafios e problemas, não exclusivos, claro, e eles representaram excepcional oportunidade para o amadurecimento e para que vejamos a vida com horizontes diferenciados. Isso é salutar. E aqui, agora, eu passo a falar na primeira pessoa. Por tudo isso, entendo que as perspectivas são boas. As melhores que a vida me reservou, sem qualquer traço de fatalismo. Entendi melhor minhas limitações; compreendi, de forma mais crua, que a vida tem limitações. Aprendi também que nessas limitações podem estar – e estão – as sementes de algo que, em certos momentos, pensei não ser tão importante: a esperança. As perspectivas para meu futuro estão marcadas pela esperança, ainda que tanta coisa ao meu redor faça força em contrário. Vivo o momento e curto a esperança que há nele, para caminhar para a próxima madrugada, na certeza de que, amanhã, será possível ver o sol emergir entre os picos paduanos e refletir nas águas do Pomba. Respondido?
“Muita coisa
ainda
carece de ser
realizada.
Muitos
municípios
ainda
necessitam
de instituições
de ensino”
– E a pós-graduação, mesmo a lato sensu, está entre os planos futuros da FASAP?
Xico Simonini – O mercado de trabalho está a exigir, em nossos dias, horizontes cada vez mais amplos dos pretendentes que fazem, parte dele. Assim, os conhecimentos oferecidos por um curso de pós-graduação tornaram-se ferramentas indispensáveis para o profissional de todas as áreas do conhecimento. Permita-me estender minhas palavras. Após concluir seu curso de graduação, muitos profissionais decidem avançar em sua carreira, investindo em programas de pós-graduação: as lato sensu compreendem os cursos de Especialização e os MBA (Master Business Administration). Já o termo stricto sensu refere-se aos mestrados e aos doutorados, cursos de maior profundidade e, geralmente, mais longos que os anteriores.
A FASAP já fez incursão nesta área, oferecendo o curso de especialização em MBA. As nossas coordenações concluíram, recentemente, cinco programas de pós lato sensu, nas áreas de Administração (2), Direito (1), Educação Física (1) e Enfermagem (1). Esses projetos estão aguardando o momento oportuno para serem transformados em realidade. A FASAP tem experimentado um crescimento significativo, tanto no aspectos materiais quanto nos didáticos e pedagógicos. Em razão desse fato, sem atropelar o planejamento e sua execução, esses projetos serão viabilizados no momento oportuno. A mantenedora, Sociedade Educacional Desembargador Plínio Pinto Coelho (SEDEP) e a mantida, a FASAP, dentro de sua política de crescimento e desenvolvimento, sem atropelos, passarão, sim, a atuar, sistematicamente, novamente, neste nível de ensino.
Entrevista concedida, em 28/05/2021, ao Professor Denilson Azevedo e às Graduandas Janaína Torres e Ketly Mendes, pelo transcurso dos 50 anos da Licenciatura em Pedagogia, da UFV.